Dejá Vu de uma Memória Inexistente

Eu não sei lidar com isso. É a garganta seca, os olhos vidrados, o pensamento vazio, um coração acelerado. Não, eu não quero escrever com rimas. Esses espaços combinados, essas notas afinadas, são parágrafos e parágrafos, são textos corridos, é a rotina exacerbada. Não, não está funcionando. Nós nunca fomos assim. Sim, sempre meio bagunçados, um pouco brigados, presos e desarmados, livres e exagerados! “Tente outra tática”! Talvez se sentarmos aqui e falássemos de amor; talvez se ouvíssemos a voz desse olhar e nesse silêncio entendêssemos o que estamos dizendo um ao outro; talvez se minha garganta seca transmitisse o que meu coração grita e você ouvisse sem escutar nada; talvez, maybe, peut-etrê! É nesse porta-retrato que estamos sentados, nos olhando, em meio ao silêncio, sobre luzes apagadas. Um preto e branco, uma imagem borrada, uma borda quebrada, a madeira rachada. É esse porta-retrato que minha memória guarda um momento que ainda não vivi. Talvez seja um Dejá Vu, um Dejá vu de um retrato com uma foto não batida! Roupas que não usei, lugares que não fomos, sorrisos que não demos! Num porta-retrato! Um Dejá Vu! Talvez! Um passado, um presente, um futuro, num mesmo tempo, num mesmo instante! O meu Dejá Vu! Nesse agora? Estou em minha sala, sentado frente a minha mesa, nela uma máquina fotográfica e um álbum completo de fotos! Na minha frente? Talvez! Talvez um espelho falso, e do outro lado? Você! Certeza! Você sentada em uma sala, frente a uma mesa, com uma máquina fotográfica e um álbum completo de fotos! O nosso Dejá Vu!
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